sábado, abril 05, 2008

Noitada

A cena de regressar a casa num Sábado às 7 da manhã, com os olhos empapuçados e ramelosos de estar acordado há várias horas, passar pelos cafés a abrir enquanto se luta para vencer o sono e não adormecer ao volante, só desejando estar rapidamente deitado na cama parece familiar não? Nem por isso. A não ser que se pertença ao pequeno grupo de loucos que se reuniu ontem no Samouco para uma sessão nocturna de anilhagem. Louco mas não tanto, pelo menos não me meto nestas andanças com uma apendicite em risco de estoirar, como alguns.
Lembram-se dos "Pássaros"? Ontem lembrei-me do filme, só que em vez de os bichos invadirem a casa em bandos esvoaçantes, chegavam em sacos e caixas. Por vária vezes pedi, implorei até, para o Dr. Salinas fechar as redes, já tinhas as mãos a escorrer sangue de tanto dar ao alicate, mas não, com um ar alucinado só dizia "hoje chegamos às 100!". Ainda houve quem caísse às salinas. Os mosquitos nucleares continuaram os seus ataques. O costume.
A grande novidade da noite foi mesmo a caderneta de cromos internacional que estava presente. "And you can collect blood from here" diziam eles. "I prefer the jugular" retorquia eu. Dejá vu desta conversa? "And you can sex birds from a blood sample!!" anunciavam eles. "Oh really???!!!" pensava eu para mim, cinicamente. Agora percebo para que serviam as estacas de madeira. Qual fixar nassas, qual carapuça! Era mesmo para espetar no coração dos vampiros. Ou se calhar era mesmo de mim, que estava rabugento com o sono e tinha estado a ver, horas antes, canários com as tripas a saírem pelas costas (not!).
Mas foi foleiro à ganância darem de fuga cedinho, deixando eu e a Pintinhas sozinhos com umas dezenas de bichos à espera. Hiperactivos, o c***lho! Pelo menos, ficámos especialistas em limícolas e anilhei, pela primeira vez, um destes:

Pluvialis squatarola, a Ave que se alimenta pelos olhos.


Mas pronto, já recuperei umas horas de sono, já fui endoscopiar durante a tarde e já estou em plena posse das minhas capacidades (ou não).

1 comentário:

Anónimo disse...

Deves ter reparado que no caminho para Lisboa já não dizia coisa com coisa, isto porque a meio das frases o meu cérebro congelava tal era o cansaço.
Foi bem bom e provavelmente também eu bati o meu recorde de pássaros anilhados numa só sessão.

A minha sugestão é que na próxima vez ou voltamos mais cedo ou só saímos quando for de manhã e com o sol a brilhar bem alto!