quarta-feira, setembro 12, 2007

Gerês Parte III - Os momentos de ausência

Eis o que todos aguardavam ansiosamente. Quais pássaros, qual anilhagem, toda a gente que saber é das situações galhofeiras e momentos "duh", indissociáveis de todo este processo e que ficaram marcados para toda a posteridade no Guia de Campo.
Como também tem sido hábito, uma grande percentagem dessas bacoradas foram vividas ou produzidas pela minha humilde pessoa. Portanto, as narrativas aqui expostas servem para contrariar um pouco algumas vozes caluniosas que têm apelidado este espaço de "monstro" e que têm pensado duas vezes antes de dizer qualquer coisa na minha presença. Que culpa tenho eu que os meus amigos sejam pródigos em dizer disparates, que são posteriormente aqui reproduzidos?! Descontextualizados, por vezes. Ligeiramente distorcidos, talvez. Mas sempre para vosso (e meu) deleite.
Os enxames de lobos- Mais uma vez, o Batman e o Robin encontraram-se na Mourela, acompanhados das suas respectivas bat-girls em uma mais implacável perseguição a lobos. Já alguém reparou que é sempre esta dupla que os encontra?... Eles, certamente dirão que será devido às suas apuradas técnicas de campo, sorte ou à eficácia dos bat-radares. Eu começo a achar suspeito... alucinações devido à falta de horas de sono? contrato de exclusividade com os bichos? ou simplesmente, andaram nas provas de aguardente pelas aldeias da região?
O contacto com a natureza- mais giro que ficar atascado nas salinas, é ficar atascado nas turfeiras. Naquele momento em que vi os meus pés serem tragados pela terra quis lá saber se aquilo era habitat de conservação prioritária! Era drenar e queimar aquela merda toda! Quando finalmente, consegui sair para terreno firme, já a imaginar o meu corpo fossilizado vir a ser descoberto daí a uns milhares de anos e a ser estudado pelos arqueólogos da altura, lá voltei a achar que aquela amálgama de vegetação e água sempre serve às narcejas e outros bichos. Contudo, evitei voltar àquele sítio em especial...
Os fantasmas da Mourela- durante a semana passada (e imagino que por esta hora) a noite fria do planalto foi cortada pelo uivo lacinante de almas penadas "Uuuuhhh", seguido por um coro de gargalhadas abafadas, que afastavam qualquer hipótese de observação de fauna nocturna. No meu caso em particular, tive direito a ser imaginado de mortalha branca e a arrastar correntes.
As pescarias nocturnas- O Sócio quase que apanhava um coelho e quase que esborrachava um Athene noctua com o seu camaroeiro. Faltou-lhe só um danoninho. Os Otus scops nem davam hipótese de por o pé fora do carro. Mas deu para rir, especialmente com a finta que o coelho fez.
O mistério intestinal esclarecido- Nos anos anteriores, ir para o Gerês era sinónimo para mim de cólicas, timpanismo, borborigmos e outros ruídos corporais, que tentava disfarçar tossindo ou assim se em presença de outras pessoas. Seria dos panics mistos de Salmonellas e E. colli ingeridos de manhã ao pequeno almoço? Ou das belas e carnudas amoras, veículos de Cryptosporidium, que enfeitavam as sebes dos caminhos? Era a água senhores! Esta semana quase só bebi água engarrafada e estive impecável. Um conselho: mantenham-se afastados da água fresca das fontes.
A amiga Nelsa e a sua cozinha variada- Como não podia deixar de ser, massa e simpatia foram as palavras-chave à hora de almoço.
A frase da semana- "Ick! Já tenho langonha a escorrer pelas costas!" VanVan, eu avisei que isto ia ser descontextualizado...
O momento da semana- foi indubitavelmente meu. Por volta de sexta-feira fui acometido de grave alergia, constipação ou gripe aviária. Os olhos, chorosos, mal consegui manter abertos e do nariz escorriam rios de muco, que tentava não deixar pingar para cima dos pássaros. Nessa noite, recorri à minha farmácia portátil, que tantos necessitado tem ajudado e tomei um Nimed e um anti-histamínico de nome Ceftrisina. No dia seguinte, alegria, estava como novo. À hora de almoço, compadecido com uma colega que sofria do mesmo mal, ia-lhe a dar as mesmas drogas quando me apercebi que na véspera tinha tomado não Ceftrisina, o anti-histamínico, mas sim Ceftrisil. Que é, nada mais, nada menos, que daquelas pastilhas de cloro para desinfectar a água! O que é certo é que funcionou e devo ter ficado todo desinfectado por dentro.
Mais algum momento assim digno de nota?

Sem comentários: