sexta-feira, março 23, 2007

Eu me confesso

Soem as trombetas, sustenham a respiração e passem a boa nova: o meu carro foi finalmente à inspecção, passou com distinção e até comprei o selo do imposto de circulação (do ano passado, obviamente)! Por fim posso abandonar a clandestinidade!

Os longos meses de ilegalidade terminam por fim. Vou finalmente poder dormir sossegado sem histórias de terror de brigadas de trânsito, operações stop e violência policial a assombrar-me o sono.

Agora compreendo o que o Dr. Kimble, fugitivo à lei e injustamente acusado, sentiu durante meses... também eu andei fugido à lei e quantos calafrios e paragens cardio-respiratórias tive sempre que me cruzava com um agente da ordem. Pois, claro...

Na verdade, cheguei à conclusão que o crime compensa. Quando fui comprar o selo já esperava uma gorda e rechonchuda multa para pagar e já tinha preparadas umas quantas histórias mirambolantes para justificar a minha falta. Quando a senhora das finanças me disse que só tinha 15 euros para pagar, quando eu já pensava vender um dos rins, ia tendo uma apoplexia. Claro que tratei de pagar logo e girar dali para fora antes que me descaisse.

Na verdade estou a pensar seriamente em deixar de comprar selo... para quê?

Outra coisa engraçada foi que durante os 2 dias em que fiquei sem o meu carro adorado, descobri que tinha um irmão incógnito. Chama-se Seat Cordoba, bebe gasolina e é o menino dos olhos do meu pai. Como para vir trabalhar precisava de viatura, pedi a do meu progenitor emprestada, não sem antes ouvir um rol interminável de cuidados e recomendações a ter com a sua utilização. Obviamente, deixei de ouvir a partir da segunda frase mas ainda notei os olhos do homem marejados de lágrimas quando me deu a chave e os documentos.

E se no primeiro dia ainda tive algum cuidado, hoje era ver-me queimar borracha e fazer piões na A5, qual ás do volante. Se bem que este meu mano tenha algumas vantagens, nomeadamente a via verde ser debitada noutra conta que não a minha, nada substitui o meu polo-quase-todo-terreno, que desde subir pirinéus a atravessar rios, já me levou a quase todo o lado. Que é a gasóleo. E que até tem umas cicatrizes de guerra.

Hãm? uma história de crimes hediondos, barba por fazer. Só me falta uma tatuagem para ser um verdadeiro bad boy. Os tenrinhos do prision break perto de mim são uns meninos...

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