segunda-feira, dezembro 11, 2006

Trabalho de campo Parte I - A investigação

Este fim de semana tive mais um piscar de olho ao CSI quando me juntei a um grupo maior de investigadores para andar à procura de pégadas e outros vestígios de carnívoros selvagens e outros bicharocos em Sintra-Cascais. Os trabalhos foram suportados por GPS (fartei-me de carregar nos botões a marcar pontos) e por uma equipa técnica do mais alto gabarito. Inclusivé, pude demonstrar o meu expertise a fazer necrópsias no campo e a estimar a time of death da vítima com base nas suas larvas.
Na verdade, para mim foi mais uma oportunidade de rever amigos, conhecer outros, fazer passeios loucos e marcar muitas cruzinhas no guia de campo. Claro que a parte científica é interessante mas...

Fica então o registo fotográfico:


A base de operações ficava na Peninha e às 8h00 a paisagem era de tirar o fôlego, com o Guincho lá em baixo e bem lá ao fundo, a serra da Arrábida. Diz-se que em dias descobertos se consegue ver até às Berlengas.

Da Adraga até à praia da Ursa a paisagem era assim e era impossível irmos a olhar para o chão à procura de pistas... Por cima, Falco peregrinus a picar, Phalacrocorax aristotelis nas rochas e Sula bassana a planar por cima das ondas. O pior foi eu e a Caracol termos de aturar o presidente da associação Melgas da Suiça o caminho todo! Por várias vezes pensámos atirá-lo pela falésia abaixo porque o gajo era completamente louco, mas controlámo-nos.

A praia da Ursa lá em baixo (sim, descemos isto tudo).

Pois é... tudo o que desce tem de voltar a subir! Cá em baixo, na praia da Ursa parecia-nos que íamos subir os Himalaias, mas acabámos por galgar aquela garganta em 30 min. A meia encosta, almoçamos deitados no tapete de batatas fritas verdes e estivemos a observar Monticola solitarius nas rochas. No fim, encontrámos ainda vestígios de presença de 3 lobos, dos quais o maior era o macho alfa.
Foi aqui que vi a minha vida a andar para trás... numa falésia com mais de 100 m, o mar a rugir lá em baixo, o vento a uivar, num trilho com 15 cm de largura e a estreitar lá à frente, e o suiço(ida) a querer arrastar-nos para uma morte certa, tive que me sentar e dizer "Daqui não passo" e ir dar a volta.

A paisagem do Cabo da Roca. Ainda prosseguimos mais uns kms pelas falésias, em caminhos em que nem cabra pisa e por isso, dei por encerrada a sessão fotográfica, já que as mãos foram usadas para trepar a quatro.

Ainda fui responsável por verdadeiros momentos de ausência. Ora vejam:

Suiço(ida): "estes lírios são exóticos ou são de cá?"

Eu: "Eu sou de Lisboa"

Caracol: "não nos estamos a nutrir à altura..."

Eu: "devemos estar a 70, 80 m..."

Ou estou a ficar surdo ou senil ou numa de poupança de neurónios só oiço o final das frases: "blá blá blá... decá?" e "blá blá blá... altura".

Sem comentários: