quinta-feira, dezembro 28, 2006

Ano Novo

Não me vou perder aqui com trivialidades do género "Feliz Ano Novo", dúzias de passas e outros disparates, até porque das vezes que comia as horríveis uvas engelhadas, nenhum dos desejos que formulava se concretizava. Por isso, adiante! As celebrações de ano novo devem começar já amanhã à noite, por isso há que estar concentrado no que interessa, que é a festa (o mudar de calendário é só mais uma desculpa para me divertir na companhia de pessoas que gosto, só tendo pena de não poder estar na companhia de TODAS essas pessoas) e sim, os excessos (de galhofa, risos, comida, e também de bebida).
Por isso, aqui me despeço, com os votos a todos os leitores (alguns vou poder dar o cumprimento pessoalmente) de um 2007, igual ou melhor que o 2006 que agora termina. Banalidades, mas que é que se pode dizer nesta quadra? Até para o ano!

quarta-feira, dezembro 27, 2006

Radares

Nos últimos dias tenho-me deparado com uma espécie nova da fauna urbana alfacinha: têm forma quadrada, costumam estar pousados em postes por cima de estradas e avenidas, habitualmente têm indicado um número (50 ou 80) e até são bastante simpáticos, pois têm-me dado as boas festas todas as vezes que passo por um (geralmente na 2ª circular). Alegadamente, estes radares foram colocados para prevenir que nós, condutores inconscientes e verdadeiros demónios do asfalto, ultrapassemos os limites de velocidade impostos pela lei.
Mas curiosamente, nos vários dias que levaram para colocar os radares nos seus poleiros, o trânsito nessas zonas, se já era caótico tornou-se perfeitamente irreal, com filas intermináveis de carros até onde a vista alcança. Quem, como eu, que conhece atalhos e trilhos para escapar a estas agruras rodoviárias, não pode deixar de pensar "Fantástico! Ainda estão a instalar estes coisos e já ninguém ultrapassa a velocidade máxima permitida". Pormenores o facto de os carros estarem parados ou, quando avançavam uns centímetros, não ultrapassarem 1 km/h.
Evidente que depois de instalados e a funcionar em pleno, as coisas são completamente diferentes... Numa via como a 2ª circular, em que na melhor das hipóteses, se circulava a uns 90 ou 100 km/h, mercê do tráfego intenso, actualmente é ver os carros a fazerem travagens bruscas, mesmo sem ultrapassarem os 80 km/k previstos, quando avistam os ditos radares luminosos que foram estrategicamente colocados a seguir a uma curva. Genial, não concordam? Realmente, posso imaginar que provocar acidentes nestes locais seja outra maneira de diminuir a velocidade do trânsito, com uma fila interminável de carros numa via e uma lenta fila de curiosos na outra via.
E se os portugueses realmente cumprirem estes limites prevejo ainda mais engarrafamentos, pois onde é que alguém circula a 50 km/h nas grandes avenidas? Mas pronto, há que acreditar que os senhores da DGV e do governo realmente estão a velar pelo nosso bem estar e não a querer recuperar os 2,5 milhões de euros que custou a introdução desta nova espécie através da amiga multa. Temos mesmo que fazer um esforço para ajudar na recuperação da economia! Pelo menos, foi o que os perto de 13.000 condutores que foram capturados pelas câmaras dos radares já começaram a fazer.

terça-feira, dezembro 26, 2006

O Natal já la vai...

... e fica na memória mais uns dias de excessos gastronómicos, não tanto pelos doces, que não sou grande fã da doçaria natalícia (só escapam mesmo as azevias e as fatias douradas à la yoguini). Tudo o que seja sonhos, filhozes, coscorões, bolo-rei, rainha ou princesa, lampreias de ovos e outros que tais, dispenso! Agora ponham-me à frente um gadídeo assado ou com natas ou crias de ovinos com solenáceas a murro a fumegar, acabados de sair do forno. Ai sim, podem ver o milagre de natal, que é o prato ficar vazio!
Portanto, encerra-se o tema natalício e começa-se a pensar na passagem de ano, que dos meus 15 anos para cá, me tem interessado muito mais. Talvez porque durante muito tempo, a passagem de ano durava uma semana (dia 26 já tinha as malas feitas e fora de casa) e era sinónimo de férias em sítios reconditos do nosso Portugal, pândega, amigos e copos. Como hoje sou uma pessoa altamente responsável e profissional, a passagem de ano ficou reduzida ao dia 31 e 1 (este ano, também tenho o 30) por obrigações profissionais. O que quer dizer que vou ter de comprimir uma semana de diversão em 3 dias... para complicar a coisa, devo ter de fazer daquelas manobras de dobra-espaço-temporal, pois estou a pensar estar em 2 sítios no fim de semana.
Agora, imperdível mesmo vai ter um certo alguém, dito abstémio, a acompanhar-me nos copos!!! Está combinadíssimo, tudo o que eu beber tu também bebes. E livra-te de dizer que não. Faço tudo pelos amigos!

"Então qual vai ser a próxima?" , Perguntou a princesa Amélita, enquanto via a sala a andar à roda e bandos de conóbias a entrar pela janela...


domingo, dezembro 24, 2006

E ainda... o Natal!

No seguimento do post anterior, em que divaguei sobre a incoerência e dicotomia desta época festiva, pude comprovar na prática, ao vivo e a cores, as minhas teorias. Ora vejam:

Noite de 6ª feira: jantar de Natal (o último de uma longa semana gastronómica e de excessos) com o grupo de amigos de mais longa data (os da rua, como já fomos apelidados por uma, que não compareceu à chamada) . Algumas pessoas já não via há muito tempo, outras tive pena de não rever, mas fica sempre a sensação destas reuniões que tinhamos estado todos juntos ainda na véspera. A conversa seguiu ligeira, com gargalhadas e recordar de histórias que atestam anos e anos de amizade e cumplicidade. Se bem que estes jantares podem ser combinados em qualquer altura do ano, os marcados nos dias 20 e tal de Dezembro sabem sempre diferente. Será do frio que faz lá fora e do calor que faz dentro do restaurante?

Noite de sábado: o terror! Sem saber muito bem como, estava eu a chegar ao café, quando fui subitamente surpreendido por um grupo de meliantes que se diziam meus amigos e arrastado para esse antro de degredo que é o Colombo!! Tremam, almas incautas e abandonem toda a esperança quando cruzarem estas portas num sábado à noite e ante-véspera de Natal! Apesar de já ter comprado as prendas todas, acabei por seguir (às vezes sou mesmo parvo, mas a alternativa era voltas sozinho para o café) e mesclar-me em magotes de gente, sacos e embrulhos, beber um café ao balcão, ir a lojas e ouvir tratar as meninas pelo nome (havia uma em que tinham todos o mesmo nome) e substitui mau-maus por bom-bons. Claro que tive de marcar a minha posição com um resmunganço constante, até porque tinha uma sugestão para todas as prendas muito mais simples e simpática (mas isso é outra história). Finalmente, consegui escapar e juntei-me a outros fugitivos que também estavam de saída. Só mais tarde é que o grupo ficou completo quando alguns consumistas finalmente regressaram, mas sem terem comprado tudo! Tenho muita pena, mas a amizade tem limites e a nossa fica algures no dia 24 de Dezembro no Colombo. Por isso, já não me apanham de surpresa!.
"Também queremos comprar prendas" gritava a multidão, abafando os meus gritos de desespero, lá no meio.

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Inevitavelmente... o Natal

Poliqueta-árvore-de-natal (Spirobranchus giganteus)
(Para quem pensava que árvores de Natal eram só pinheirinhos...)

Com tanto o que já se disse sobre esta época, acho que não vou acrescentar mesmo nada de novo... Também, o tempo para pensar em frases ou crónicas originais tem sido escasso com a quantidade de jantares, almoços e lanches de Natal que tenho tido. Nem sequer para o post gastronómico, que tanto prazer me dá escrever, tive oportunidade de parar e degustar mentalmente os pratos arroz de tamboril, Picanha ou bifinhos enrolados em bacon que têm passado à minha frente. As refeições também têm sido bem regadas e, sinceramente, se resistir a esta semana sem aparecer a maldita gota, acho que resisto a tudo.

Mas... e o espírito natalício? Deve andar por aí, nos centros comerciais e nos anúncios na televisão. Hoje passei um bom par de horas num inferno chamado Colombo e não o vi por lá. Só encontrei seres vagamente humanos com olhos raiados de sangue e cheios de sacos e embrulhos nos braços. Assustador! Mais assustador ainda foi quando passei em frente a um espelho e vi que me estava a tornar igual a todos os outros à minha volta. Dei rapidamente por finalizadas as compras e sai dali para fora. Eu sei que é um cliché falar da incoerência Natal-compras e de como se perdeu o tal espírito natalício, mas estes comportamentos estão tão vincados que é impossível pensar de outra maneira (e eu que me livrasse de aparecer na noite de consoada sem prendas!).

É óbvio que esta época transcende largamente os presentes e as azevias mas tudo o resto está tão diluído que se me fizessem daquelas perguntas brilhantes de reportagem de rua da TVI tipo "o que é para si o Natal?" ou me saiam daquelas baboseiras tipo paz e amor ou ficaria a olhar para a jornalista, ambos sem saber a resposta para essa pergunta. Nesse momento, e se este fosse um mundo perfeito, um de nós diria "Deixa lá, caga nisso. Anda daí beber é um copo".

Por isso, e para me preparar para uma eventual conversa filosófica sobre o sentido do Natal (que facilmente surge com a quantidade de álcool com que toda a gente anda no sangue nestes dias de festa), decidi que este ano o Natal representa para mim:
  1. Aproveitar a desculpa dos jantares de Natal para rever amigos e família com que já não tenho contacto regularmente e achar que estes momentos sabem sempre a pouco. Como é possível condensar vários meses de conversa das nossas vidas nas 2 horas que leva uma refeição. Que fique então a necessidade e vontade de combinar mais reuniões, seja pelo Natal, pelo Carnaval, porque nasceu um filho ou, simplesmente, porque queremos estar com essas pessoas e sentimos saudades.

  2. De maneira semelhante, parar um pouco para lembrar família e amigos que já não estão presentes e tentar esquecer um pouco mágoas passadas, retendo apenas boas recordações. Esperar que estes momentos de reflexão me ajudem a valorizar mais as pessoas que ainda por cá andam.

  3. Que se lixe! Os presentes! Eu gosto de abrir prendas, gosto de ver que alguém pensou no que eu gostaria de receber (mesmo quando se trata de peúgas ou canetas), da mesma maneira que eu pensei no que essa pessoa gostaria de receber. O acto de oferecer prendas não se resume só ao acto da compra. E a minha lista este ano é tão extensa quanto inatingível. Que fique então a vontade de conseguir no futuro algumas dessas prendas (até porque muitas são coisas imateriais). Se quiserem dar uma ajuda, podem-me financiar uma lista de viagens que tenho em carteira, aumentar-me o ordenado e arranjar-me um emprego mais a meu gosto.

  4. Os dias frios e solarengos que temos tido.

  5. E pronto, as azevias!

Sou mesmo um sentimentalão. Feliz Natal a todos os leitores, reais e imaginários, deste blog!

segunda-feira, dezembro 18, 2006

"Clepe" de Natal

Quando pensam no local ideal para fazer um almoço de Natal, a primeira coisa que vos vem à cabeça é, obviamente, um restaurante chinês! É que tem mesmo tudo a ver, desde aos pratos, à decoração, ao próprio ambiente. Qual perú recheado ou bacalhau com todos! Este ano é chop-suey de perú e chao-mim de bacalhau para todos. E em vez de azevias e filhozes, gelado "flito" e banana fa-si para sobremesa.
Convenhamos que estou a ser ligeiramente mordaz... a comida até estava boa (espero que tenha sido um dos restaurantes que escapou à fúria de fiscalização há alguns meses atrás), não tinha baratas nem pelos púbicos (não era a primeira vez... yuck!) e a ementa constou de:
crepes (claro, um clássico)
arros chau-chau (outro...)
porco agridoce (mais um...)
frango com limão (apelidado de frango com gelatina por algumas pessoas)
frango com bambú e cogumelos chineses
pato com ananás (outro com gelatina)
chau-min de gambas
Na verdade, até se encontrava bastante acima da média e até gosto de algumas variações ao tema culinário. Mas convenhamos, nada ultrapassa uma posta de vitela... ou de bacalhau na brasa. E que saudades de papas de sarrabulho e rojões... Enfim, o almoço deu-me as forças necessárias para ir fazer mais trabalho de investigação de tarde.

Sunday on Speed

É incrível a quantidade de coisas que se podem fazer num único dia, havendo tempo e vontade... e não estou a falar de trabalho (isso é outra história). Este Domingo que passou consegui juntar n vertentes da minha vida, apesar de ser difícil acompanhar todas estas marcações:
9h30 às 13h00: Manhã de birdwatching no Estuário do Tejo. Não marquei cruzinhas novas no guia de campo, mas é sempre bom rever espécies como a águia-pesqueira (Pandion haliaetus) e bandos de 50 íbis-negros (Plegadis falcinellus). A manhã estava soalheira mas gelada e foi a custo que se manteve os bnóculos empoleirados nos narizes. Parece-me que conseguimos converter mais 3 almas à seita (conhecida por alguns como a irmandade da esteva).
14h30 às 16h30: Após voltar a Lisboa a voar para comprar uma prenda, teleportei-me para a Ericeira para um almoço de aniversário/Natal com o pessoal scalabitano. Após fazer uma finta a alguns lugares menos desejados (eu e 99% dos convivas), foi encher a pança de marisco. A "Marisqueira de Ribamar" proporciona óptimos pratos de frutos do mar, como o belo creme de marisco com nacos gigantes de crustáceos e pão firto e panelões de arroz de marisco, verdadeiros festins de sapateira, gambas e afins. Realmente, ao fim de 4 patos e após reconstruir o exosqueleto (agora vazio) de uma sapateira começa-se a ficar um pouco cheio...
17h30 às 18h00: Nova viagem a Lisboa, desta vez para visitar um familiar em convalescença. Como a recuperação parece de feição, sigo para mais uma voltinha...
18h30 às 21h30: Lanche de Natal + troca de prendas + apresentação do mais novo rebento ao mundo. É difícil não estabelecer analogias com esta ocasião com o quadro natalício da adoração dos reis magos. Sou ateu convicto, mas até agora, foi o único momento de espírito natalício que me atravessou. Claro que os reis (e rainhas) estavam tudo menos magros e a única magia que fizeram foi fazer desaparecer pratos de pão, enchidos e bolos.
22h00 às 24h00: Café em Oeiras, onde fui presenteado com uma obra literária da qual fui participante. Café simpático, apesar das portas traiçoeiras e do cheiro a queijo requentado (felizmente não foi nos Gémeos do inferno)
Pode-se dizer que foi um dia extremamente bem preenchido mas das 2, uma: ou realmente começo a dedicar-me ao teletransporte ou aprendo as artes de manipular o tempo, pois devo ter passado perto de 4 horas dentro do carro de um lado para o outro! Mas não me estou a queixar...

quinta-feira, dezembro 14, 2006

And the winner is...

Minha gente, podem abrir o champanhe e entregar-me já o prémio! Parece-me que esta semana ganhei novamente a competição "Quem conheceu o ser humano mais debilóide?", senão atentem na seguinte sequência de frases emitidas por esta alminha:
"...Ele faz cocó mole, depois duro e depois saem os rins..."
depois do meu olhar tipo "de que planeta vens tu?" foi-me explicado que os rins eram "cocós todos juntinhos"... Ahhhhh! fiquei muito mais descansado! Mas depois achei que o conceito de rins desta pessoa era ligeiramente diferente do meu. Adiante...
Seguiu-se guincharia e frases "Não lhe corte a língua!". Na verdade, se houvesse alguém para ficar sem apêndice língual e orgãos da fala era a dita cuja. Mas controlei-me...
Após outras pérolas do género e frases que entretanto fiz por recalcar, e enquanto vestia a mantinha de malha ao menino, foi-nos esclarecido que hoje ele estava muito irrequieto porque os "...lásticos estavam a prender-lhe os estículos..". Foi nessa altura que fugi. Bom dia, boa noite, boas festas, até nunca e ala dali para fora! Exausto depois de conter o riso durante este tempo todo (e todos devem ter imaginado como isto me deve ter custado) pensei que algo vai muito mal com o género humano.

24 horas

Muito melhor que a série 24 que passa na 2, em que só se anda aos tiros e a salvar o mundo, as minhas últimas 24 horas foram bem mais interessantes... desde andar a fazer piões na Peninha, ver amigos degustarem avidamente paté de salmão de marca duvidosa, ir farolar para tanques em busca de anfíbios só com uma lanterna e uma garrafa de brandymel para 7 pessoas e ficar com os sapatos-de-ir-à-madrinha todos cagados, lutar com corvos-marinhos e milhares de malófagos (muito piores que piolhos do iogurte) até disparar dardos anestésicos com espingarda e acertar quase em cheio no alvo (afinal sempre andei aos tiros...) . Não salvei o mundo, mas cada vez mais gosto de andar por cá.

terça-feira, dezembro 12, 2006

Pocker!

Ontem fiquei muito orgulhoso de mim próprio quando, na apresentação de projecto de mestrado, o supra-sumo me tentou demover do projecto e por em causa as minhas capacidades de trabalho. Não sei se foi um truque de psicologia invertida, seguramente não foi um bluff de jogador de pocker, mas foi nesse momento que tive a certeza de que tenho a auto-confiança e tudo o mais para levar esta empresa a bom fim. Obrigado!

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Trabalho de campo Parte II - a gastronomia

É certo e sabido que não há saída de campo sem saída gastronómica e se bem que durante o dia nos alimentávamos de sandochas (eu mantinha-me bem com 1 sandes por dia, por mais incrível que possa parecer) o jantar era reservado a outras degustações.
07 Dezembro: Jantar no restaurante "O Túnel" em Sintra. Normal, bife com batatas fritas e um belo abacaxi de sobremesa.
08 Dezembro: o prato mítico do campo: massa com atúm. Palavras para quê? Um clássico para quem anda nestas andanças.
09 Dezembro: Salsichas frescas e costeletas grelhadas na lareira com arroz de feijão. Neste dia fui eu o chefe de culinária e como sou muito criativo, preparei um arroz de feijão inovador. Segue a receita:
  1. Preparar um refogado com cebola, alho e tomate picados, azeite e louro num tacho colocado em cima do Campingaz;
  2. Deitar o arroz no tacho;
  3. Entornar o tacho por cima do fogão e bancada da cozinha e atirar com o campingaz (aceso) para cima dos pés;
  4. apanhar o arroz de volta para o tacho e voltar a por em cima do campingaz;
  5. juntar o feijão, deixar apurar e retirar coisas pretas e outras impurezas do arroz;
  6. Servir à mesa e reparar que toda a gente repetiu o arroz.
Tenho a agradecer ao Abetúrcio por me ter ajudado a por o arroz de volta no tacho.
10 Dezembro: frango assado, arroz e batata frita.
Todas as refeições devem ser regadas com vinho Galito e no final whisky "Vat 69"!

Trabalho de campo Parte I - A investigação

Este fim de semana tive mais um piscar de olho ao CSI quando me juntei a um grupo maior de investigadores para andar à procura de pégadas e outros vestígios de carnívoros selvagens e outros bicharocos em Sintra-Cascais. Os trabalhos foram suportados por GPS (fartei-me de carregar nos botões a marcar pontos) e por uma equipa técnica do mais alto gabarito. Inclusivé, pude demonstrar o meu expertise a fazer necrópsias no campo e a estimar a time of death da vítima com base nas suas larvas.
Na verdade, para mim foi mais uma oportunidade de rever amigos, conhecer outros, fazer passeios loucos e marcar muitas cruzinhas no guia de campo. Claro que a parte científica é interessante mas...

Fica então o registo fotográfico:


A base de operações ficava na Peninha e às 8h00 a paisagem era de tirar o fôlego, com o Guincho lá em baixo e bem lá ao fundo, a serra da Arrábida. Diz-se que em dias descobertos se consegue ver até às Berlengas.

Da Adraga até à praia da Ursa a paisagem era assim e era impossível irmos a olhar para o chão à procura de pistas... Por cima, Falco peregrinus a picar, Phalacrocorax aristotelis nas rochas e Sula bassana a planar por cima das ondas. O pior foi eu e a Caracol termos de aturar o presidente da associação Melgas da Suiça o caminho todo! Por várias vezes pensámos atirá-lo pela falésia abaixo porque o gajo era completamente louco, mas controlámo-nos.

A praia da Ursa lá em baixo (sim, descemos isto tudo).

Pois é... tudo o que desce tem de voltar a subir! Cá em baixo, na praia da Ursa parecia-nos que íamos subir os Himalaias, mas acabámos por galgar aquela garganta em 30 min. A meia encosta, almoçamos deitados no tapete de batatas fritas verdes e estivemos a observar Monticola solitarius nas rochas. No fim, encontrámos ainda vestígios de presença de 3 lobos, dos quais o maior era o macho alfa.
Foi aqui que vi a minha vida a andar para trás... numa falésia com mais de 100 m, o mar a rugir lá em baixo, o vento a uivar, num trilho com 15 cm de largura e a estreitar lá à frente, e o suiço(ida) a querer arrastar-nos para uma morte certa, tive que me sentar e dizer "Daqui não passo" e ir dar a volta.

A paisagem do Cabo da Roca. Ainda prosseguimos mais uns kms pelas falésias, em caminhos em que nem cabra pisa e por isso, dei por encerrada a sessão fotográfica, já que as mãos foram usadas para trepar a quatro.

Ainda fui responsável por verdadeiros momentos de ausência. Ora vejam:

Suiço(ida): "estes lírios são exóticos ou são de cá?"

Eu: "Eu sou de Lisboa"

Caracol: "não nos estamos a nutrir à altura..."

Eu: "devemos estar a 70, 80 m..."

Ou estou a ficar surdo ou senil ou numa de poupança de neurónios só oiço o final das frases: "blá blá blá... decá?" e "blá blá blá... altura".

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Estou quase lá...

Hoje não pude deixar de pensar que ando a ver demasiados episódios do Dr. House... Hoje desanquei num senhor que nem gente grande que o homem até ficou branco que nem a parede da sala onde estávamos (até levei com uns olhares reprovadores da tia Micas para não ser tão ruim). Mas também, o dito cujo vinha acompanhado pela Kate Moss versão verde-amarelada e desidratada que teimava em se alimentar exclusivamente de agrião há 2 anos. A propósito, já ouviram falar de terrários com lâmpadas por baixo? Eu não. E tive que perguntar 3 vezes ao senhor para ver se estava a perceber bem... É uma luz indirecta, dizia ele. Foi então que tive de ser muito directo com ele...

terça-feira, dezembro 05, 2006

Observações gastronómicas

Como este espaço não é só para falar de pitos e lagartixas, passo a relatar as minhas variadíssimas observações gastronómicas com maior regularidade e direito a posts individuais! Também é verdade que as saídas de campo das diferentes irmandades ficaram há anos indissociáveis das saídas gastronómicas. E actualmente não é possível pegar nos binóculos com uma mão sem pegar num belo pedaço de choco frito (por exemplo... mas pode ser salada de polvo, moelas, postas mirandesas, etc.) com a outra.
Hoje levou com uma cruzinha no guia o restaurante "O Correio", na Areia, Cascais, com um belo almoço de frutos do mar: amêijoas para entrada e uma tachada de arroz de marisco para saída, regado com algumas imperiais, que até podiam comprometer o serviço durante a tarde... mas o pessoal é profissional! Tudo muito bom, as amêijoas fresquinhas e com litros de molhanga para ensopar o pão e o arroz, riquíssimo em espécimes moluscas e crustáceas (quase tantas como o arroz). A sobremesa não deslumbrou mas também não sou muito doceiro. Para mais, havia uma lata cheia de rebuçados de ovo deixados por um cliente à espera de quem precisasse de mais glicose no sangue.
Ainda melhor me soube não ter de pagar por este repasto pois foram as meninas minhas colegas e a sua caixa do tesouro que se chegaram à frente. Não me importava nada de repetir a observação ;)

Realidades alternativas

Cada vez mais frequentemente penso como seria a minha vida se não tivesse escolhido este raio de profissão. Onde estava eu com a cabeça?? É verdade que, na maior parte do tempo gosto do que faço e nem penso muito nisto. Também é óbvio que a minha vida e o que sou não é definido pela minha profissão. Mas ainda assim... como seriam os meus "Eus" alternativos se tivesse optado por outras saídas profissionais? Se calhar muitos de vocês diriam "Biólogo" ou qualquer coisa parecida. Talvez... Mas, digo-vos eu, as minhas alternativas vão muito mais além... do surpreendente ao sublime! Ora vejam (o grau de disparate vai aumentando à medida que forem lendo):

Opção a) Biólogo. Se calhar a mais óbvia. Tinha era que trabalhar em destinos exóticos e descobrir muitas espécies novas

Opção b) Ilustrador científico. Também teria o seu sentido. Às vezes até faço coisas engraçadas, pinto dentro dos traços e tudo!

Opção c) desenhador de BD. Humm... agora é que a realidade começa a ser um pouco alternativa. Era mais uma brincadeira que se tornava profissão. Sim, porque não desenho só escaravelhos e passarinhos.
Opção d) Paleontólogo. Não tinha que necessariamente trabalhar com dinossauros (está muito batido), há muito mais coisas interessantes:




Opção e) Músico. Sex, drugs and Rock n' Roll!! Ou numa onda muito mais fixe, tipo Cake ou outra banda de jeito. Parece-me é que ia ter uma carreira curta...

Opção f) E que tal... arqueólogo? Aventuras... gajas boas em perigo... Viagens... Destinos exóticos...

Opção g) Agente do FBI. Este até acho q tinha jeito, com a quantidade de gente alienígena com que lido, extraterrestres, lobisomens e poltergeists até me iam parecer um descanso. Desde que tivesse uma colega boazona...
O que vos parece? Em que área profissional é que teria mais sucesso?

domingo, dezembro 03, 2006

Raistapartiça a p#+@ da abaladiça!

Quando se combina "vamos beber um copo ao bairro?" não se está a combinar ir beber um copinho de shot ou uma imperial de 20 cc; na verdade, pretende-se esgotar o stock de cerveja de todos os bares por onde se passa. Do mesmo modo, dizer "voltamos cedo" não quer dizer que à meia-noite estamos todos transformados em abóboras e a dormir, mas sim que vamos fazer uma directa para tomar o pequeno almoço na madrugada seguinte.
Não que eu me esteja a queixar, já conheço estes mensagens subliminares e subentendidos do pessoal (todos sabem ao que vão) há anos e só tenho pena de não ir mais vezes. E foi assim, que rumamos 5 a essa meca da diversão nocturna que é o Bairro Alto.
Não me perguntem os nomes dos bares, já vou lá há anos e raros são os que decoro. Só sei que tive de subir uns 100000 degraus da bica até lá acima e que estive de cerveja na mão à porta da D. Celeste. Ainda deu tempo para assistir a uma invasão de conguitos, aturar os insuportáveis brindes à MEF (e foram vários) e terminar a noite (ou madrugada) num desses antros de degradação que são as roulotes de cachorros. F*&@-$3!!! A fauna que vê nesses locais dava para escrever uma enciclopédia sociológica com muitos volumes. Ah! e foi aí que encontrámos a abaladiça, senão havia alguém que não se calava...
Eram quase 6h da manhã quando me teletransportei para casa, após ter feito uma finta a uma garrafa de vodka...
Para o próximo fds há mais... espero!

sábado, dezembro 02, 2006

Safari fotográfico

Não foram tigres nem leões que fotografei, não descobri novas espécies para a ciência mas também não estive no Congo nem noutro país esquisito. Estive no Estuário do Tejo, bem às portas de Lisboa e os campos alagados fervilhavam de vida. Os locais de observação são meio secretos, só as irmandades da esteva e da planta-lava-panelas é que os conhecem, mas tenho todo o prazer em fazer a visita guiada. Seguem algumas fotos devidamente legendadas (nesta fase só consigo fotografar alguns "cromos" mais comuns mas dêm-me tempo). Qual acham que vai ser a próxima capa da National Geographic???

Cegonha-branca (Cicconia cicconia) vistas através de uma cerca (não ia dar cabo do arame ao homem). Comuns mas sempre fotogénicas.

Colhereiros (Platalea leucorodia), ainda atrás da cerca. Bem menos comuns que as cegonhas, logo mais interessantes.

Não são corvos, nem o Mantorras e os amigos. São gralhas-pretas (Corvus corone).


Estes são patos-reais (Anas platyrhynchus), a espécies mais comum no Estuário. Como tal, e como esta foto já foi tirada à hora de almoço, não faz mal pensar neles rodeados de arroz e rodelas de chouriço a sair do forno.


Et voilá! a prova fotográfica (por digiscoping) da presença de piadeiras (Anas penelope) no estuário, que deu direito a pôr mais uma cruz no meu guia. Livrem-se de dizer que está desfocada! Qualquer incapacidade de identificação deve-se a inépcia do observador (sim, tu que vês a foto), má qualidade do telescópio ou estremecimento constante da plataforma onde me encontrava.

Pequenos prazeres da vida

Pequenos prazeres (ou Life's Simple Pleasure, que também é mais ou menos o título de um album de Tindersticks) são pequenos nadas que frequentemente passam despercebidos e que não são devidamente valorizados. No meu dia-a-dia, entre lutas renhidas com seres alienígenas e a hercúlea tarefa de trazer alguma sanidade mental a certas pessoas, ainda mais facilmente são descurados. Afinal, foi preciso um feriado para abrandar um pouco e poder ver quais são as coisas que realmente importam. Senão, vejam:
  1. ir para o campo numa manhã fresca de Inverno;
  2. experimentar uma máquina fotográfica nova (e tirar fotos dignas da capa de qualquer National Geographic);
  3. marcar no Guia de Campo uma espécie nova (neste caso um bando de Anas penelope);
  4. passar uma tarde a beber chá e a jogar Scrabble com amigos;
  5. sair de casa naquela expectativa que antecede qualquer jogo de futebol...
O dia só não foi perfeito porque o Sporting perdeu a duas (injustas) bolas o jogo com os lampiões. Em casa. Desgraça...

quinta-feira, novembro 30, 2006

Más notícias...

O nariz que produz mucosidade a uma taxa de 2 baldes por hora... os olhos raiados de sangue que me tornam numa qualquer personagem de filmes de vampiros ou de exemplo dos malefícios de fumar erva... a voz melodiosa só equiparável a um sapo fumador depois de fazer uma traqueostomia... tudo parece apontar numa única direcção: constipação à vista! Já tive que tomar um cocktail de fármacos (só falta o super-chá) para amanhã voltar ao normal. Preciso é de dormir (o que vai ser fácil, com a carraspana + anti-histámínico + noites mal dormidas que tenho em cima).
Por acaso, lembrei-me da melra de ontem... e da conjugação aleatória das teclas H,5,N,1...

quarta-feira, novembro 29, 2006

PDI*

Pode parecer ridículo estar com esta conversa de velho aos 28 anos (especialmente para quem tem mais anos que eu) nem estou com nenhuma crise de meia-idade antecipada (para isso, sempre está a guitarra à espera- só falta a banda). Mas o que é verdade é que já começo a encontrar algumas limitações impostas por estes longos e sábios anos, especialmente depois dos últimos dias. Senão, vejamos:

Já não sou tão tolerante ao efeito do alcool. No sábado passado, emborcadas umas 5 ou 6 imperiais e meia garrafa de whisky estava completamente KO às 3h00. Ou 4h00? Só sei que acordei de madrugada refastelado num sofá e tapado com uma mantinha. Nada de cenários de degradação mas sim, o avôzinho a dormir uma soneca?? Ontem à noite, depois de 2 caipironas servidas em copos-tamanho-penico e quase sem gelo (mas estavam bem boas)e sem nada no buxo para as receber, já me estava a dar a fraqueza. Se não fosse o belo do stroganoff tinha-me desgraçado. Mas novamente, às 3h00 já estava a ver em pal plus. Até há bem pouco tempo atrás conseguia acumular directas + bebedeira e ir trabalhar no dia seguinte mais ou menos normal; hoje parece que ando numa frequência diferente do resto das pessoas.
Ambas as festas foram óptimas mas o day after fez-me recear o futuro: chá e bolinhos? Se calhar estou em baixo de forma, se calhar preciso de voltar aos treinos. Digam-me, também se vêm acometidos dos mesmos problemas.

Também não me faz sentir muito jovenzinho constatar que entrei para a faculdade há 10 anos e que estou a encontrar algumas amigas grávidas e a visitar demasiados quartinhos de bebé...

*Puta Da Idade

sábado, novembro 25, 2006

E se de repente um desconhecido...

... completamente embriagado entra pelo estaminé dentro 5 minutos depois deste fechar ao público e, com a voz entamarelada e a destilar vapores etílicos, fala dum qualquer problema de 4 patas com 3 semanas de duração e que a seguir começa a ligar para todos os telefones isso é sinal que preciso pensar seriamente em mudar de profissão. PUTA QUE OS PARIU A TODOS!!

Ó senhor, vá para casa curar a cadela com isto:


E já agora, não nos chateie os cornos e tome uns 2 ou 13 frascos disto aqui:


sexta-feira, novembro 24, 2006

Mais um dia recheado de pequenos momentos surreais

Cada vez mais acho que ando a ser exposto a doses tóxicas de surrealismo, bem acima dos limites impostos pela lei. Senão vejam:
#1 quem conduziu hoje deve ter reparado que algo não andava bem; quer fosse pela chuva, pelos oceânicos lençóis de água, óptimos para artísticos aqua-plannings, pela elevada taxa de acidentes aparatosos com que me cruzei, com as filas de trânsito quase sempre inexplicáveis (as explicáveis eram causadas por um Sr guarda Cerôdio, que tentava por alguma desordem... digo, ordem no trânsito). Também rapararam na grande quantidade de cadáveres estropiados de guarda-chuvas nas estradas?
#2 constatei como é difícil dar más notícias a um cliente, especialmente que metam as siglas PIF, enquanto se ouve o patrão aos saltos e aos gritos ao telefone a combinar palermices. Só dá mesmo para por o sorriso amarelo nº 3 e dizer "pois..." enquanto se encolhe os ombros
#3 e se de repente uma maluca qualquer telefona a perguntar se os comprimidos só se tomam aos dias úteis isso é... sinal de que preciso de mudar de profissão!
Apesar de toda estas e outras coisas esquizóides, não posso deixar de pensar em como o meu dia-a-dia é riquíssimo. Quando for velhinho, daqui a muitos anos, hei-de mandar os meus robots escreverem as minhas memórias intituladas "displepsias no reino dos esquitos". Parece-vos bem? Isto se entretanto não enlouquecer também

quinta-feira, novembro 23, 2006

O código da Vinci

Ontem a minha irmã trouxe o dvd do dito filme para visionamento pós-jantar, que se revelou um óptimo sedativo, pois após uma meia hora de visionamento já tinha adormecido. Pode ter ajudado o facto de ter estado a trabalhar quase até às 23h mas tinha esperança que a visão da deslumbrante Audrey Tatou me mantivesse desperto. Mas nem isso ajudou. Se não tivesse lido o livro (que confesso que li sofrega e ininterruptamente durante um fim de semana) me tinha perdido pela história confusa e fraccionada.Bem melhor que este código é este outro:

Esta e outras ilustrações espetaculares são feitas por um senhor chamado Ray Troll e podem ser vistas aqui. Quando for grande quero ser como ele (excepto a parte de ter um nome meio... desenho animado. Raio Trol?)

A vida era bem mais simples...

... quando comunicávamos por carta ou telefone. Lembram-se? É verdade que os mails vieram revolucionar um pouco as comunicações e o modo como se trabalha. Hoje em dia não consigo passar sem ele e é inegável a quantidade de documentos, relatórios e afins que envio e recebo diariamente. Fora as mensagens pessoais.
E os omnipresentes fwds que dizem "o coração da amizade" e outras baboseiras que metem sempre cãezinhos ou gatinhos e que se não enviar a 300 pessoas nos próximos 2 segundos caem-me as sobrancelhas, como aconteceu a um senhor na ilha da Páscoa.
E o spam que vai aparecendo e que me convida a comprar viagra ou codeína e a contactar umas "horny barely legal sluts".
Essas serão as partes menos boas. No entanto, hoje foi-me atribuída mais uma conta de e-mail o que me fez pensar se não estará a ser um pouco demais. Ao ritmo a que perco massa encefálica, como é que me vou lembrar dos mails e passwords dos 34 endereços que certamente irei ter daqui a um ano? Senão vejam a quantidade de mails que já acumulo:
#1 mail pessoal: neste recebo e envio mails de e para amigos, algumas coisas relacionadas com trabalho e as mensagens de 3 fóruns da net (também de trabalho);
#2 conta no gmail: para receber e eneviar ficheiros grandes;
#3 mail da empresa: trabalho, claro;
#4 conta no hotmail: basicamente para receber spam;
#5 mail do instituto: que me foi atribuído hoje. No entanto, não posso deixar de estar um pouco contente pois é o meu endereço "científico", que irá aparecer em alguns futuros artigos. Nobel Prize, here I come!!
Já chega não acham?

segunda-feira, novembro 20, 2006

Ninguém me liga...

Ao passar os olhos por outros blogs, fico com um pouco de inveja quando vejo alguns posts cheios de comentários e o meu guia de campo, assim tão pobre e abandonado, apenas com umas míseras linhas. Existem uns raríssimos leitores que eu sei que o lêem (até porque às vezes vêm tirar satisfações do género "ó meu ganda boi, escreveste aquilo?"), por isso lanço aqui o desafio:
À semelhança dos vossos guias de campo (que eu sei que os têm), em que põem cruzinhas ou bolinhas ou "vistos", não acham que enriqueciam muito mais esta experiência de alta literatura electrónica a deixar aqui a vossa participação?
Desde já, o meu mui obrigado e um grande bem haja!
P.S. não estranhem a maluqueira pois acabo de vir do mestrado, onde deixei mais uns neurónios moribundos.

sábado, novembro 18, 2006

Twilight zone

Lembram-se decerto daquela série de culto dos anos 60, com aquela música do genérico perturbadora e que nos relatava histórias estranhas com ovnis, fantasmas e outras coisas que tais. Muito pior que zombies no quintal, homens-lampreia a sair da sanita ou marcianos a dizer adeus da janela da sua nave espacial são alguns episódios do meu dia-a-dia, que me fazem logo ouvir a musiquinha "turururu-turururu-turururu" e sentir o meu corpo sugado por um vórtice espaço temporal e ser transportado para a 5ª dimensão. Se os argumentistas da série me tivessem conhecido teriam material para escrever um episódio todos os dias até ao dia do juízo final. Se não, vejam alguns argumentos para histórias baseados em factos verídicos:
"A Exterminadora", em que uma profissional de saúde maníaco-depressiva assassina pequenos roedores inocentes com injecções de insulina.
"Surpresa!!", em que uma emigrante de um qualquer país centro-americano se revela um ser de outro planeta, sempre acompanhada do seu inocente mas insuportável coelho mutante de estimação.
"A clínica dos horrores", em que um aparentemente vulgar estabelecimento comercial se revela um local de passagem de zombies, mulheres cadavéricas com voz nasalada e debilóides mentais.
"A irmã de pinóquio", em que uma mentirosa compulsiva cocainómana tenta dominar o seu pequeno mundo fazendo uso de infusões de pelos púbicos (vulgo chá de pintelho).
E pronto, assim de repente, são alguns dos títulos. O que vos parece?

A minha vida dava um filme...

Ou talvez não... se calhar, um documentário da National Geographic ou na melhor das hipóteses, qualquer coisa tipo "Garden State" só que sem a Natalie Portman. Na pior das hipóteses, tenho alguns episódios ao nível da mais rasca telenovela sul-americana.
Ainda no outro dia fui protagonista de um desses folhetins. Felizmente, era uma mera personagem secundária cujo único papel era observar as duas personagens principais aos gritos e guinchos, aos pontapés às portas e murros nas paredes (por momento pensei tratar-se de um filme de Kung Fu ou de uma comédia foleira), enquanto iam desenrolando os seus papéis. É bastante mau assistir a este filme no local de trabalho. Bastante pior saber que as personagens estavam a ser interpretadas pelo patrão e sua cônjugue. A parte boa foi ter sido visto por alguns outros espectadores como o herói da película (só que sem capa ou super-poderes), enquanto desmascarava a vilã, uma qualquer aspirante a Maga Patalógika esquizofrénica.
Felizmente, fui salvo pela Carmen Miranda e o seu pronventrículo dilatado e pude sair da sala, entre o incrédulo e o prestes a libertar uma sequência de gargalhadas, pelo ridículo da situação.
Resta-me a esperança de ter assistido à cena de "volte-face", que irá mudar o rumo deste filme. Caso contrário, tenho mesmo de mudar de argumentista... Confusos? Não percam as cenas dos próximos capítulos...

terça-feira, novembro 14, 2006

Ahhh!... Férias

Pois é, como devem ter percebido pela pista anfíbia cá deixada há uns posts atrás, acabo de regressar de São Tomé.
Muito podia ser dito sobre o reino do leve-leve, das aventuras da princesa Maria Amélia e do seu séquito na floresta do Obó, do segundo melhor fruto à face da terra, do omnipresente peixe-fumo, dos tecelões gigantes, dos conóbias, das deliciosas mas potencialmente salmonélicas santolas, de plocos a passear nas ruas, de comer banana a todas as refeições, de cheirar folhas de canela, de ouvir "docedocedoce" a cada curva, de jogar scrabble com gafanhotos à luz de velas, de usar tanques de guerra como pacíficos estendais e chegar a casa e ter a mochila inundada de um cheiro a café forte e telúrico como uma ilha.
Mas palavras para quê? Uma imagem vale mesmo por muitas dessas...

quarta-feira, novembro 01, 2006

Quentes e boas!

Apesar do clima semi-tropical que estamos a viver (quem é que se lembra de andar de manga curta em Novembro?), ontem foram oficialmente abertas as hostilidades do consumo de castanha assada, como manda a época outonal.
Estava então ontem em casa de amigos em amena cavaqueira e a preparar a logística para a viagem quando veio uma segunda dose de castanhas como manda a lei, quentes e boas. inclusivé, as várias fornadas vinham para a mesa num saco de pano com o mesmo slogan bordado.
No preciso momento em que nos estavam a falar do serviço de catering de feijão frade entregue via bicicleta, ouviu-se um estouro "POFF!" e a sala ficou com uma nuvem de fumo.
Não, não era um ataque da Al-qaeda nem ninguém tinha comido castanhas a mais. O que se passou foi bem mais surreal, pois constatámos, enquanto afastávamos o fumo, que uma castanha tinha literadamente explodido à nossa frente. Passado o choque inicial e, enquanto tirávamos bocados de castanha estorricada da cabeça, seguiu-se novo estoiro, este agora das nossas gargalhadas. Penso até que terei batido novo record decibélico que, bem vistas as horas, não terá sido muito apreciado pelos vizinhos.
Conclusão: aquele corte que se faz às castanhas antes de as por a assar não é por acaso, nem para enfeitar. Simplesmente, serve para as impedir de nos atacar. Claro que mentes maquiavélicas podem ver outras aplicações ruins para este facto (Bwah-ah-ah!). Quem quer castanhas? Agora o slogan é quentes e explosivas!

domingo, outubro 29, 2006

Devia era já estar a dormir mas enfim...

Decerto conhecem aquela máxima, que homem que é homem deve plantar uma árvore, escrever um livro e fazer um livro. Nada portanto a ter que ver com o cromossoma Y, comprimentos de certas partes da anatomia masculina ou quantas babes se consegue papar numa festa. De qualquer modo, e invadido por uma onda de introspecção decidi avaliar a minha situação:
Árvore- as sementes que trouxe do monte vinham estragadas pois a única coisa que ganhou raíz foi bolor por toda a parte. Só uma mísera uva-de-cão é que vingou, mas não passa de uma trepadeira. Mas agora me recordo que no secundário plantei um cedro num canteiro qualquer na escola. Está certo que era para um trabalho de TLB, mas menos mal. Checked!
Livro- para além de artigos científicos completamente revolucinários (dois deles até vêm indexados no PubMed. Ah pois é!), está na forja algo mais. Vou ter que esperar alguns meses para poder por um checked neste tópico.
Filho- até ao momento e por meu conhecimento as únicas crias (adoptivas) aos meus cuidados têm 2 cm de comprimento, são cabeçudos, respiram por um sifão e têm patinhas a crescer. Ainda bem que saem aos pais biológicos. UNchecked
Portanto cumpri 1/3 da minha masculinidade (abençoado cedro), o que não deixa de ser manifestamente pouco (se bem que ainda não quero criancinhas à minha roda; a propagação da espécie fica para mais tarde). Para afogar as mágoas e ver as coisas de uma outra perspectiva, quiçá mais turva mas saudável, é que se começou a combinar hoje à noite na esplanada do café um daqueles nostálgicos fins de semana à antiga com o pessoal. Espero bem que sim, já tenho saudades de 48 h de excessos alcoólicos e gastronómicos, nuvens de fumo ilícitas e a desresponsabilização completa e total dos meus actos (estou cansado de ser certinho). Mas isso só depois das férias! Até lá tenho uma internacionalização e vários estágios pelo caminho

sábado, outubro 28, 2006

Estou-te a ver!

Never ending story

E para compensar o deserto de escrita que foram os últimos dias cá vai mais um post.
Não é que me considere uma pessoa excessivamente negativa, mas há uma série de coisas que me irritam profundamente e que despertam o Mr. Hyde que há em mim. Hoje de manhã, enquanto trabalhava (pois é, hoje é sábado e aqui o mouro esteve de serviço... como todos os sábados), tive de gramar com algumas delas e, azar dos azares, tive que manter o sorriso pepsodent número 32 como convém a qualquer pessoal extremamente profissional. Mas isto levou-me a pensar: "que mais coisas me deixam fodido?". É certo que a lista é grande (daí o título do post) e sempre crescente mas mesmo assim não me deixei intimidar por tamanha tarefa. Eis a LISTA DE COISAS QUE ME DEIXAM FODIDO!!
  1. Excesso de informação. Pode variar, desde alguém que entra na sala e dizer "Bom dia! Eu sou médico/a e tenho uma filha asmática", passando por "como não comia, mastiguei a comida e dei-lhe à boca" até senhoras gordas e anafadas, com idade para serem minha mãe, que levantam a camisola para mostrar as banhas arranhadas pelo seu parceiro sexual. O facto de estarmos a falar de um periquito, de uma iguana e de um coelho, respectivamente faz-me pensar que ando a ser exposto a doses muito pouco saudáveis de surrealismo.
  2. Falta de educação. Pronto, confesso que também digo umas caralhadas e que quando conduzo não sou um exemplo de boas maneiras mas antes de entrar costumo bater à porta, por exemplo. Nem que seja para evitar que bandos de pássaros esvoacem porta fora. Havia um senhor que fazia isso (mais exactamente, batia à porta e de seguida, escancarava-a) mas desde que deparou com 2 dinossauros à solta na sala até lhe saltou o bigode! Meus amigos: por isso não é nada saudável ter este irritante hábito, especialmente quando estou eu dentro da divisão... nunca se sabe que animal peçonhento vos posso soltar em cima.
  3. Interferências sonoras. É muito desagradável estar a trabalhar tendo como ruído de fundo motores de carros fórmula 1, senhores neozelandeses envolvidos em rituais Maori ou casamentos hablados en coño. Especialmente se a algazarra é toda emitida por um certo e determinado computador quando certa e determinada pessoa, em vez de estar a fazer coisas mais produtivas, lhe carrega as teclas. Sem esquecer que há pessoas alheias a isso tudo e que podem achar, não sei... estranho? entrarem na sala e ouvirem tudo isso.
  4. Famílias numerosas. Eu bem tentei fazer o meu local de trabalho pequenino para limitar a entrada desses enxames que, a toda a hora, me entram dentro da sala aos guinchos e saltos e a mexer em tudo o que lhes apareça à frente. Não tenho nada contra crianças, especialmente as bem comportadas, mas não tenho propriamente ar de educador de infância para meninos-queques-mal-comportados. Geralmente tenho que esperar que os progenitores ponham ordem na prole mas o que me apetecia mesmo era pô-los todos em fila (incluido os paizinhos) e trás-trás-trás! distribuição de chapadas!

Como vêm, tudo isso só numa única mísera manhã de sábado, em que eu podia era estar noutro lado qualquer (provavelmente a roncar na cama). Prometo ir completando esta lista (o que não falta no meu dia-a-dia são episódios destes a toda a hora). Também aceito contribuições do público (e já agora, podem ser em dinheiro ou cheque pois, para variar, só devo receber lá para meio do mês).

Pistas...

Os observadores mais perspicazes poderão adivinhar para onde vou dentro de 1 semana se identificarem as seguintes espécies:

Bastante fácil, não? (é verdade, foi aqui o artista que fez os bonecos. Nem sei onde vou parar com tantas qualidades...)

Countdown

Por esta altura em que as minhas inúmeras legiões de ávidos leitores imaginários se indagam sobre o meu paradeiro nos últimos dias, eis que retorno após várias semanas de dura labuta em que consegui levar a cabo as seguintes hercúleas tarefas:
1º foi com os dedos em sangue de tanto escrever e com os nervos ópticos gastos de tanto olhar para o ecrã do PC que terminei mais uns capítulos desse que será o futuro best-seller da literatura portuguesa do século XXI;
2º ganhei uma tendinite de tanto pipetar amostras no instituto no âmbito do meu trabalho-de-tese-de-mestrado-quase-prémio-nóbel e inclusivé, poderei ter descoberto o primeiro positivo para Microsporideas... Bwah-ah-ah (riso maléfico) cuidado, anilhadores incautos! Eles "andem" aí;
3º Os meus 2 neurónios trabalharam árduamente para destrinçar casos clínicos obscuros e salvaram as vidas de inúmeros inocentes;
4º Mais reuniões de trabalho para essa obra da consultoria e gestão ambiental que será o projecto que temos em mãos;
5º superei estoicamente a dura prova de não ter conseguido bilhetes para o concerto de Muse (esgotadíssimo há mais de 1 mês); inclusivé tive de atender chamadas de amigos que perguntavam "então não vais?" e azar dos azares, tive de passar perto do Campo Pequeno no precido instante em que os felizes espectadores saíam do concerto. É claro que tive de compensar este trauma ouvindo todos os albúns nas minhas inúmeras viagens de carro a um nível decibelmente intolerável para alguns dos meus amigos;
6º Consegui ir a Sagres ver os imigrantes (aqueles com penas e que não fazem fila à porta do SEF) em passagem para... África! O que me leva à questão de fundo:
Dentro de 1 semana já estou de férias num novo continente e país! Vai ser a manhã na selva, a tarde na praia e à noite... logo se vê. Daí a contagem decrescente. Daí na próxima semana eu estar completamente "ausente" pois as pessoas e os sons vão-me parecer como o hiperespaço na guerra das estrelas à medida que caminho para 6ª feira. Não que esta ausêcia faça muita diferença... às vezes parece que trabalho noutro planeta qualquer (um em que equanto trabalho se ouve em ruído de fundo alguém a ver jogos ou corridas de fórmula 1 no PC).

sexta-feira, outubro 13, 2006

quanto mais as coisas mudam, mais ficam na mesma...

A realidade atingiu-me como se tivesse levado com a serra do Gerês inteira na cabeça (mais calhau menos calhau)... quando retornei à civilização constatei (já sem surpresa) que ainda não tinha recebido. O devidos euricos lá acabaram por entrar no dia 12, o que já se está a tornar uma triste rotina desde Junho.
Com coisas destas lá se foi toda a veia poético-bucólica do post anterior; ou melhor, estas coisas começam a passar ao lado e a vincar-me algum traço de cinismo, apesar de garantidamente não me acomodar. Isto acaba por se entranhar dentro de mim como um ninho de invertebrados com muitas patas num burado no tronco de uma árvore(o nome do bicho começa por P...) e tornar-me a saliva mais cáustica. E eu até nem desgosto do sarcasmo...
Daqui para a frente a canção que a xana canta enquanto salta alegremente de flor em flor a chamar pelos lobos vai-se tornar numa hino de guerra gritado por um gnomo de cara bexigosa enquanto piso cogumelos venenosos a conduzir uma matilha de cães raivosos.
Mas o problema deve ser meu... até porque se calhar para muita gente o m~es só deve começar ao dia 12...

segunda-feira, outubro 09, 2006

Na companhia das Xanas, Bitxos bravos e ratos flamejantes

É incrível como uma semana passa depressa, especialmente se estou envolvido em actividades que me dão prazer. É verdade... a semana de férias terminou e resigno-me a trocar a floresta de carvalhos pela floresta de betão e em vez dos badalos das vacas num lameiro lá longe ou da chuva a cair vou passar a ouvir as buzinas dos automóveis que passam na minha rua.
Quantas coisas cabem numa semana? Quantos pássaros cabem na minha mão enquanto outros teimam em voar? Quantas histórias consigo ouvir antes de adormecer? Quantas paisagens de montes e fragas podem os meus olhos ver? Quantos trilhos e caminhos posso percorrer (a pé ou a carro, não interessa)? Não tenho raízes ou história nesta terra mas de cada vez que lá passo, é uma experiência avassaladora para os sentidos. Não me canso de olhar, ouvir e provar (sim, porque à parte da massa, é sempre uma boa semana gastronómica) e lá, realmente faz sentido tapar os ouvidos com as mãos para não ver. Ou subir o rio na expectativa de encontrar algo novo na próxima curva. Ou justificar com projectos de fotografia ou desenho o voltar à infância e apanhar rãs num charco qualquer.
Tudo faz mais sentido e as coisas parecem estar no seu devido lugar: a hera a trepar por um carvalho, o uivar de um lobo no meio do nevoeiro, espécies reaparecidas no alto de uma fraga; conversas ou jogos da sueca (cuidado...) à lareira na companhia dos ratinhos. Mesmo a chuva que teimou em marcar presença e outras coisas menos boas fazem muito mais sentido. Não é melancolia que me assola (embora aconteça por vezes), é um sentido de comunhão com a terra. Se acreditasse numa religião, provavelmente seria um culto pagão (embora não numa taberna pseudo-celta). É então assim, de alma serena, que retorno ao trabalho. Vamos a ver se todas as canções das Xanas que trouxe comigo me dão paz de espírito para aturar as próximas semanas.
E é um facto, as sementes que trouxe comigo hão-de germinar e dar fruto.

sábado, setembro 30, 2006

tagliateli afrodisíaco com grelo

Quando pensava que me tinha transformado numa personagem de uma sequela da Noite dos Mortos Vivos, eis que consegui arrastar-me (sim, continuo a conduzir de olhos fechados) até ao Gordini do Estoril na passada 5ª feira para um jantar regado com muita sangria, o tal prato de massa, doces incestuosos e notícias de que, pelo menos para uma amiga, avizinham-se tempos profissionais melhores. Inclusivé, o jantar foi finalizado com uma bela cereja em cima do bolo, ou para ser mais exacto, um floco de neve de papel retornado à bandeja (vês, mestre, como aprendi bem os teus maléficos ensinamentos?)
Em seguida, rumámos até ao casino do Estoril, não para jogarmos nas slot machines ou roleta, mas porque havia um presente musical à espera. No meio da multidão suspensa num céu de espelhos e neons e embalados por ondas radiofónicas AM-FM, fui subitamente chamado à realidade quando uma filha da puta que me conhecia cumprimentou-me com um sonoro "Ah! estás mais gordo!".
Depois desta foi mesmo voltar a desligar, por a coruja-das-neves a trabalhar (o mais provável é voltar com ar e vento nas garras) e voltar em piloto automático para casa.
Se algum dos eventuais presentes neste evento passar os olhos por esta crónica e acharem que a sanidade mental deste vosso amigo se está a esvair, não se apoquentem. Acabei de terminar e enviar mais um trabalho para o mestrado. Por isso, é natural que esteja em curto-circuito.
Agora só interessa mesmo uma coisa: daqui a 12h e 29m estou oficialmente de férias, desligo todos os telemóveis e zarpo para o fim do mundo durante uma semana.

domingo, setembro 24, 2006

Guia de campo revisitado

Ao fim de longos e obscuros meses (desde Junho... que é tempo mais que suficiente para parecer uma eternidade) lá finalmente consegui tirar o guia de campo e binóculos da prateleira e levá-los a apanhar um pouco de ar estuarino. Um pouco mais tarde que o habitual que ontem foi noite de copos no bairro alto e como o pessoal "apanhou todo a bata" foi necessário ficar mais umas horitas a repousar os (já escassos) neurónios.
E foi assim que, com mais 2 estimados birdwatchers, passei uma bela manhã com os olhos colados aos binóculos só a ouvir os tecelões e um carro ocasional que teimava em passar. Não descobrimos nenhuma espécie nova, mas quando somos sobrevoados por uma águia-pesqueira com um espécime piscícola nas garras, acabamos de certa forma por fazer as pazes com parte dos problemas que nos apoquentam.
A manhã correu ligeira com um debitar constante de exemplares avícolas e testagem de material óptico e fotográfico (tenho mesmo que fazer um upgrade...) e terminou com a inevitável observação gastronómica. Começamos por ver um bando de bivalves à bulhão pato desaparecer da caçarola, seguido por uns Sepia officinalis fritos e umas postas de Lepidopus caudatus acompanhadas de arroz de pimentos.
Só espero retomar estes passeios numa base regular (a bem da minha sanidade mental) e fechar os olhos para que esta semana passe depressa (o trabalho que se vai acumulando já começa a assustar) para poder ir de férias. Tenho mesmo que mudar de vida...

sexta-feira, setembro 22, 2006

Espécie a abater

As pessoas que me conhecem sabem que sou uma pessoa pacífica e calma. Mentes menos iluminadas podem dizer que às vezes tenho acessos de mau feitio mas é mentira. Contudo, há situações que realmente me tiram do sério, como esta aqui:

Num dia desta semana, apó estar perto de 14 horas seguidas a trabalhar e ainda sem jantar, foi com grande custo que me arrastei até um daqueles cafés da moda com esplanada, que por uma questão de cortesia não vou referir o nome (mas que começa por K, acaba em A e tem uns Fs pelo meio), para uma ainda breve reunião de trabalho. Como a fome era mais que negra (naquele momento o meu estômago era um buraco negro capaz de tragar o que quer que fosse), encetei este diálogo com o empregado:

"Boa noite. Ainda dá para pedir alguma coisa para comer?"
"Com certeza"
"Então traga-me a lista sff"
(5 minutos)
"Aqui está"
(outros 5 minutos)
"Uma cola e uma tosta mista"
(mais 5 minutos)
"Peço desculpa mas a cozinha fecha às 23h. Pensava que fosse mais cedo"

Foi aí que me passei! O filho da puta não sabe ver as horas? Se não demorasse 15 min a servir ainda era capaz de ter comido qualquer coisa. Mas não... Os amigos que estavam na mesa comigo dizem até que fiquei com os olhos raiados de sangue e a espumar da boca e inclusivé, tiveram que retirar da mesa objectos potencialmente contundentes e oferecer-me um prato de sopa em casa. Em boa verdade o que me apetecia mesmo era meter a cabeça do empregado na tostadeira mas, como disse de início, a minha boa índole impede-me de ter tais pensamentos. Acabei por voltar para casa cansado, com sono e com instintos assassinos mas só vos digo que até me passou a fome...

sexta-feira, setembro 15, 2006

Lindo!...

Depois de ver isto ou isto acho que devo ter enlouquecido porque só vejo coelhinhos brancos. Vocês não?

fim de semana...

Com esta semana quase a chegar ao fim (sem esquecer que todos os sábados ainda tenho que arrastar este corpinho até ao antro de trabalho e debitar sabedoria e salvar vidas e, às vezes pregar umas rasteiras ao ego e tudo e tudo e tudo), cheguei a um estado de cansaço tal que hoje vinha a conduzir (ainda continuo com um médio fundido) de volta para casa, após mais um dia de labuta, e dei por mim a pensar "ahh! como é bom conduzir e fechar os olhos..." Não temais, fiéis leitores, pois consegui empreender a jornada com sucesso, caso contrário não estaria aqui a redigir este manustrito! Podeis sossegar vossos corações angustiados, pois este nobre cavaleiro não ficou com a fronha espetada em nenhum air bag (se bem que ande curioso para experimentar...)
Felizmente já reconheço este primeiro sintoma, que me indica que tenho de desacelerar um pouco. Geralmente, seguem-se outros, eventualmente mais psicóticos e preocupantes para quem me rodeia. No entanto, desta vez, tenho a noção que esta canseira toda é por uma boa causa: eu (e perdoem-me o egocentrismo, acho que foi a primeira vez que manifestei). Estou cansado porque estou a fazer coisas que gosto:
  1. Acabei um artigo que tinha de entregar hoje (acabei-o ontem, inexplicavelmente dentro do prazo);
  2. Vou poder partilhar alguns (poucos) dos meus conhecimentos sobre seres rastejantes e outros;
  3. Melhor, pude passar 2 desses seres rastejantes para o papel (não, não tirei burriés do nariz com um lenço de papel) ;
  4. Nestes 2 últimos pontos tive a oportunidade de trabalhar (ainda que indirectamente) com um amigo podre, que me lançou estas 2 bolas de fogo (vá lá, não levei nenhuma agulha espetada no chefe do estômago);
  5. O meu empreendimento parece correr bem e avizinham-se melhores ventos;
  6. O meu esforço para ser tratado por "mestre" foi recompensado quando suguei umas gotinhas de sangue a algumas das autóctones mais fixes: a cobreira, a boneli...
  7. Como podem ter notado, as érios já tilintaram na minha conta (eu sei que com sentimentos tão elevados, este materialismo destoa um pouco, mas depois não tinha guito para estar aqui a debitar estas maluqueiras)

Como dá para ver, esta lista já me deu para insuflar um pouco o ego e o trabalho que me deu a ultrapassar esta semana, em última análise, compensou (mas que me pode transformar numa ameijoa este fim de semana pois vou baixar o modo de funcionamento para "invertebrado"). Não me custa ter trabalhos ainda mais hercúleos para despachar porque a médio-longo prazo quero dar o grito de ipiranga e dizer a um certo senhor numa terra que começa por C, acaba em S e tem as letras ASCAI aleatoriamente espalhadas no meio: "So long, sucker!"

P.S. Só tenho pena de estar a partilhar isto com um blog e não com uma moçoila que tivesse paciência para aturar estes acessos workaholic, mas não se pode ter tudo...

segunda-feira, setembro 11, 2006

Valha-me dia de S. Receber!

É dia 11 e ainda me falta receber mais de metade do ordenado! Que bom, não é?
Quer dizer que até receber só vou trabalhar meio horário? ou que de futuro só vou trabalhar depois de receber? Será que devo furar os pneus do carro ao chefe? ou colocar 605 forte na água? Tantas questões...

disquedisse

Uma das espécies mais estranhas com que me deparo nas minhas deambulações por este luso ecossistema (muito de sistema, pouco ou nada de eco, mas enfim...) é o "disquedisse". Geralmente, só se deixa ouvir e geralmente, conta-nos das cantigas, histórias ou relatos mais mirambolantes. Para ilustrar esta espécie de quadrilhice hipervitaminada, vejam só este exemplo:
No outro dia estava eu descansado rodeado de alguns amigos, a sorver o belo do cafézito, para manter os níveis de cafeína dentro do normal, quando uma das ditas amigas me disse que a minha irmã tem uma amiga que disse a outra amiga que disse a uma colega desta minha amiga (geralmente o "disquedisse" tem uma longa cadeia de comando, mais parece aquela brincadeira do telefone estragado) que eu tinha aberto negócio no Estoril com mais 2 colegas e que era "100 % certeza". Quem me conhecer sabe qual a área profissional em que deambulo e que efectivamente abri negócio mas há já alguns mesitos, tenho 4 e não dois sócios e graças a Deus, tive a presença de espírito de não me meter no tipo de empreendimento que tinham falado.
Ora isto levanta-me sérias questões: terei efectivamente realizafo tal proeza empresarial? terei um duplo por aí algures, que se apresente com o mesmo nome e apresente esta cara laroca? terei sido raptado por seres alienígenas e aminha existência neste planeta foi apagada durante algumas semanas? Provavelmente, não. Mas que chateia andar a ouvir histórias da carochina sobre coisas que não fiz, chateia! Qualquer dia andam para aí a dizer que sou um terrorista radical que anda a criar salamandras-bomba geneticamente modificadas para ataques suicida a bares à beira-mar (o que, sem sombra de dúvida, era muito mais interessante do que a história relatada).

sexta-feira, setembro 08, 2006

Há pouco, fiquei cheio de remorsos de ter falado mal do meu carro... É que, apesar das luzes fundidas e outros pormenores, é quase a minha segunda casa, à pala do tempo que passo em viagem de um local de trabalho para outro. Qual jipe qual quê! Esta maravilha sobre rodas leva-me a todo o lado, como podem ver. Nesse dia, para além de ver Grous e Abetardas em barda, atravessei esse amazonas para um lado e para o outro e ainda fui a Beja ver uma perdiz... no prato!

Quero estes todos!!!

Terrenae-problemaedae

Apesar de pensar que estava aqui a falar para os meus botões ou para leitores imaginários, afinal tenho um leitor preocupado com o meu estado de saúde. Desde já o meu obrigado, mas à parte da gota que, quando dá sinal, me faz lembrar que devo mudar um pouco os meus hábitos alimentares (felizmente não lhe passo grande cartão), sou um jovem adulto perfeitamente saudável.
E assim, aproveitando o tema "os meus problemas terrenos" (obrigado, meu caro anónimo por me ter fornecido este termo, eis a minha lista (afinal, este é um guia de campo, certo? as coisas vêm organizadas taxonomicamente em famílias e listas). Felizmente, são poucos e pouco graves (não sou adepto do FCP nem tenho um olho na testa), mas ainda assim, não se resolvem com um simples travo de um charro ou um copo de whisky velho com 2 pedras de gelo (se bem que ajudem, mas no dia seguinte tenho uma ressaca do tamanho de Saturno a juntar aos meus problemas terrenos), que são as únicas drogas consumidas social e esporadicamente por este taxonomista. Também tenho outros mecanismos de defesa, nomeadamente, tirar umas piadas das situações
Problema número 1: falta de liquidez. Tenho a agradecer ao meu principal empregador o facto de ser dia 8 e ainda não ter ouvido o som dos "érios" a pingar na minha conta... Mas também coitado, não tem culpa de a instituição bancária de onde me transfere o guito não gostar de mim, porque já é o 3º mês consecutivo em que isto acontece!! Mas pronto, lá vou eu cantando e rindo todos os dias para o meu local de trabalho, como bom empregado que sou... don't worry, be happy! Felizmente, toda esta micro-conjuntura sócio-económica, reflexo da república das bananas em que vivemos, só me estimulou a capacidade de iniciativa própria, aderindo ao tecido empresarial e esperemos que, dentro de alguns meses, mandar o gajo dar uma volta.
Problema número 2: falta de tempo. Devia viver noutro planeta (às vezes acho que sim), cujo dia tivesse pelo menos 48 h, para ter tempo de fazer tudo a que me proponho (provavelmente ia arranjar mais que fazer, mas nesse caso emigrava para outro corpo celeste). Como tenho um polo a gasóleo e devido ao problema nº 1, não posso comprar uma nave espacial, devo ficar por este planetóide durante mais uns tempos...
Problema número 3: o meu espírito aquarófilo foi posto à prova, quando há uns dias, a pior tragédia que pode ocorrer à face deste mundo, ocorreu na minha humilde habitação: um aquário cheio de água (felizmente só com habitantes vegetais, Anubia nana) rachar, começar a verter água e transformar o quarto numa piscina olímpica. Por isso, vou saltar um degrau evolutivo, largar a Classe Pisces e voltar aos meus queridos Amphibia.
Problema número 4: ainda não tenho o selo do carro, tenho um médio fundido e este mês tenho inspecção da viatura. Como tenho o problema nº 1 para resolver primeiro, logo me debruço sobre este.
Como vêm, a lista é reduzida. No entanto, amanhã os problemas terrenos podem ser outros (porque os de hoje podem ser resolvidos ou aparecerem outros piores) e claro está, para além destes tenho os meus problemas metafísicos: de onde vimos? para onde vamos? existe vida em Marte e Europa? etc. e tal. Como se pode constatar, até tenho razões para cantar quando vou a conduzir.

sexta-feira, agosto 18, 2006

Ainda sobre música...

Para que nenhum dos meus caros leitores imaginários (ainda não descobri como é que se põe na página um daqueles contadores de visitantes- pareço eu no laboratório do meu mui amado local de trabalho a contar leucócitos de algum passaralho) pense que, na sequência do meu último surumbático post tivesse cortado os pulsos com lâmina de bisturi nº 15 ou que tivesse emborcado o resto da sinistra garrafa de halotano que repousa no frigorífico, engana-se!
É verdade que a minha colecção de cd's não tem exemplares de pop-rock-pastilha-elástica-às-bolinhas-e-aos-saltinhos-eia!-eia! Também é verdade que, muitas vezes, alimento sentimentos de auto-comiseração com Lá menores. Mas outras vezes há em que alguns álbuns ou músicas levam-me ao desvario e euforia... um pequeno senão é que 99,9 % da música que ouço é no carro, em deslocações entre os meus inúmeros locais de trabalho, e começo a notar que as descargas eléctricas do meu par de neurónios no buraco negro a que chamo "o meu cérebro" produzem ao som de determinados acordes depois se reflectem no estilo de condução.
Aposto que ficam muito mais descansados a saber que há mais um louco na estrada. Pelo menos, quando vai a ouvir o último álbum dos Franz Ferdinand! Por isso, mais que abrir os olhos na estrada, é apurar esses tímpanos. Sim, porque música que é música ouve-se no limite do que decibelmente tolerável.

quinta-feira, agosto 17, 2006

No outro dia na Fnac, encontrei um livro que se chamava mais ou menos "I hate myself and to die- the 52 more depressing songs". Não era nada de especial e a maioria das músicas nem sequer conhecia, mas mesmo assim lembrou-me que a minha musicoteca já tem sido apelidada de "Noboy loves me", parafraseando Beth Gibbons.
É verdade que é um tema musical recorrente e particularmente atractivo. Não a depressão, mas a melancolia que transborda de alguns destes albúns e as associações que vou fazendo entre determinadas músicas e alguns momentos da minha vida. Algures deve-se estabelcer um ciclo vicioso, em que a música alimenta estados de neura e em que, esses estados de neura vão encontrar tradução noutras músicas. No fundo, é extremamente reconfortante, a perda e a melancolia que daí advém acaba por ser a única garantia que temos. Mesmo músicas mais alegres ou associadas a momentos felizes estão inequivocamente ligadas a sentimentos de nostalgia, porque os bons dias já lá vão...
Eis então a minha lista de alguns dos meus 5 albuns mais deficientes em serotonina...
1. Anthony and the Johnson's "I am a Bird Now"
2. Tindersticks "Curtains"
3. Spain "The blue Moods of Spain"
4. Aimee Man "Magnolia OST"
5. Badly Drawn Boy "The Hour of Bewilderbeast"

Introdução

Esta é a minha estreia na blogosfera. Nos últimos dias andei a percorrer os blogs de alguns amigos e conhecidos; encontrei muitas coisas desconcertantes, muito exercício terapêutico e algumas verdadeiras pérolas. Julgo não ter muito jeito para a escrita mas também não estou à espera que tenha muitos leitores a seguir estes textos. Como a única coisa que acho que escrevi (à parte de alguns pequenos artigos científicos) foram cadernos de campo e diários de viagem, decidi e actualizar-me e construir um guia de campo online do meu dia-a-dia.
A escrita destas frases soltas não é premeditada; o que sai no momento sai, sem cosmética linguística ou figuras de estilo elaboradas.
Como disse, este guia de campo é do mais abrangente possível, compreendendo espécies terrenas, alienígenas ou incorpóreas dos mais variados reinos, que se vão cruzando comigo nas minhas actividades profissionais, pessoais e lúdicas. Não há coerência nem sequência taxonómica e provavelmente vão surgir aqui os temas mais díspares ou contraditórios, mas é só um reflexo de mim mesmo.